Resumo da Pesqauisa:
Diante do rápido crescimento da população mundial, como alerta a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, é cada vez mais importante buscar novas fontes de alimento. O consumo de insetos, como larvas de besouros, grilos, formigas e moscas, já faz parte da alimentação em várias culturas e surge como uma alternativa viável. Além de serem ricos em proteínas e lipídios, os insetos têm baixo custo de produção e menor impacto ambiental, tornando-se uma opção sustentável para a obtenção de proteína animal. Dessa forma, este estudo tem como objetivo investigar o impacto de três dietas distintas – compostas 100% por resíduos de uva, 100% beterraba e 100% batata – no desempenho de crescimento e na composição química das larvas de Zophobas atratus . Para isso, foram avaliados parâmetros zootécnicos, a composição centesimal das larvas e o trânsito de biocompostos da dieta, relacionando sua quantificação na alimentação, nas larvas e nas fezes. Além disso, foram realizadas análises para quantificar a atividade antioxidante e os compostos fenólicos individuais, bem como verificar a influência da dieta no perfil de ácidos graxos das larvas. A dieta de beterraba mostrou-se mais eficiente para o crescimento, com uma alta conversão alimentar (ECA) de 119,09%, enquanto o resíduo de uva apresentou uma taxa de conversão alimentar (TCA) de 2,65%. No aspecto nutricional, a dieta de batata favoreceu o acúmulo de lipídios nas larvas (52,73%), enquanto beterraba e uva proporcionaram um perfil proteico de 56,22% e 54,43%, respectivamente. Em relação aos ácidos graxos, as larvas alimentadas com beterraba apresentaram uma relação ômega-6/ômega-3 mais alta (42,22%), enquanto aquelas alimentadas com resíduo de uva mantiveram uma relação mais equilibrada (20,64%) sugerindo que a dieta de uva contribui para um perfil lipídico mais saudável. A dieta de uva também apresentou melhor relação entre lipídios poli-insaturadas e saturadas (PUFA/SFA de 0,67), o que é benéfico do ponto de vista nutricional. As larvas alimentadas com resíduo de uva e beterraba tiveram maiores concentrações de compostos fenólicos (3,16mg/g e 3,94mg/g) e atividades antioxidantes (DPPH 187,59mgGAE/g, ABTS 12,01 mgTE/g; DPPH 270,23 mgGAE/g, ABTS 12,58 mgTE/g), respectivamente; e também observou-se que, na maioria dos compostos analisados, a concentração nas fezes foi maior do que no substrato, indicando uma possível acumulação apesar da absorção desses compostos pelas larvas. O estudo mostrou que os resíduos agroindustriais usados como substrato para larvas de Zophobas atratus aumentaram compostos bioativos, como fenólicos totais e betalaínas, reforçando suas propriedades antioxidantes.
Palavras-chave: Insetos comestíveis; larvas de farinha; antioxidante, composto fenólicos, novos alimentos; bioconversão, biodisponibilidade.